quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Tudo sobre a Nebulosa do Caranguejo


                                                             
A explosão de uma supernova observada em 1054 continua contribuindo para melhor compreensão da evolução estelar.

Tudo sobre a nebulosa do Caranguejo
No núcleo da nebulosa do Caranguejo (M1) se esconde um monstro de proporções dantescas cuja verdadeira natureza a mente humana mal consegue compreender.O núcleo desse redemoinho em expansão contém um objeto em rotação que há algumas gerações teria sido classificado como da ficção científica.O coração desse monstro pulsa 33 vezes por segundo e sua presença despedaça a matéria das vizinhanças.
Até 1967 a ciência apenas suspeitava da existência dessa fera.Mas em 2007,uma jovem aluna de graduação em astronomia da Cambridge University,Inglaterra,Jocelyn Bell detectou uma pulsação que vinha da constelação de Taurus (Touro).A cada dia a pulsação era detectada cerca de quatro minutos mais cedo.Como uma variação de quatro minutos só podia ser associada à variação na órbita da Terra em torno do Sol,esse período mais curto identificava a fonte como de origem estelar.As pulsações-33 vezes por segundo-eram tão regulares que os astrônomos por brincadeira as denominavam LGM (Little Green Men-homenzinhos verdes).Qual seria a fonte dessa pulsação tão regular?Não havia explicação possível.

Decifrando o mistério
Nos anos 60,o estudo da evolução estelar progredia rapidamente.Havia um esforço generalizado para explicar a morte de estrelas diferentes massas.Estrelas com massa semelhante à do Sol (uma massa solar),deveriam perder cerca de 50% de sua massa de forma suave pelo vento estelar.A força da gravidade se encarregaria de contrair a massa restante da estrela,criando uma anã branca -uma esfera,aproximadamente do tamanho da Terra,de matéria comprimida.
Estrelas de oito massas solares ou mais tinham uma morte diferente-explodiam.À medida que estas estrelas atingiam um estágio crítico,seus núcleos colapsavam sob a ação da gravidade,para depois ejetar-se numa tremenda explosão,conhecida como supernova.A força da gravidade consegue comprimir em uma esfera de poucos quilômetros por diâmetro toda massa que ainda tenha restado.A matéria deste remanescente estelar é tão compacta como um núcleo de um átomo,o que acaba por deter o colapso.
Esse objeto,conhecido como estrela de nêutrons,gira com velocidade espantosa.
A pulsação que Bell detectou vinha de  um feixe de radiação na superfície da estrela.À medida que a estrela girava,o feixe passava pelo campo de visão da Terra.
Os astrônomos chamam esses objetos de pulsares.A rotação do pulsar produz um batimento regular,de alta pressão.
Esse,no entanto,não era o fim do acaso.
Acontece que o pulsar encontra-se próximo da estrela Zeta do Touro.Quando os astrônomos localizaram sua posição verificaram que o pulsar era a estrela que estava no centro da nebulosa do Caranguejo.
No rastro desse cataclismo estelar o gás que se expande para o espaço é rico em elementos pesados-elementos criados somente pelas supernovas.O que aconteceu no céu em 1054,na verdade,não foi somente a morte de uma estrela,mas um enriquecimento do espaço interstelar que pode resultar nos tijolos necessários para a construção de novos planetas,certamente,como a Terra.
A nebulosa do caranguejo (M1) surgiu em 1054 como uma ''nova'' estrela que os astrônomos hoje chamam de supernova.As medidas mostram que a matéria ejetada dessa explosão expande-se a 5,4 milhões de km/h.Para compor essa imagem a Nasa juntou 24 exposições separadas obtidas com a Wide Field Planetary Camera,do Telescópio Hubble.